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Descanso e Tilt

In Balanço, Hand History, Poker, Reflexões, Session Review on 26/08/2011 at 05:09

Como referi na mensagem anterior, deixei de fora do último gráfico a última sessão que joguei. E desde lá ainda não voltei a tocar na chicha. Por um lado, é como se fosse um castigo auto-imposto. Para não ser estúpido.

Pois bem, essa única sessão custou-me cerca de 30% do lucro conseguido durante todo o mês.

No início do mês tinha decidido que ia passar a descansar mais (isto é, deixar de aproveitar todo o tempo disponível para grindar) e a tirar pelo menos um dia por semana para não pensar em poker. Achei que tinha sido essa a causa da minha downswing do final de Julho.

No fundo, não sei se se pode chamar downswing a uma situação que em grande parte foi da minha responsabilidade. Sim, é verdade que passei a runnar horrivelmente. Mas ainda é mais verdade que runnei bem todo o mês até aí. E que ninguém me obriga a jogar quando as coisas correm mal. Assim sendo, foi mais uma donationswing do que uma downswing. Mea culpa.

A verdade é que durante todo o mês de Agosto joguei bastante menos: tenho 28,4k hs jogadas até agora, contra 40,1k hs durante os mesmos dias do mês passado. Em parte deveu-se ao facto de ter tido coisas para fazer que não tive em Julho, mas também é uma realidade que não forcei nada.

Sempre que joguei senti-me com vontade para o fazer, motivado e nunca procurei prolongar as sessões por demasiadas horas, fosse com que justificação fosse. Até esta da madrugada de dia 22 para 23. Nesse dia tinha conduzido ida e volta a Sevilha, andado a tarde toda por lá a escolher móveis (IKEA, yeah :^p), incluindo a parte de os carregar e descarregar: loja -> carro -> elevador -> casa. E, parecendo que não, é brincadeira para cansar um gajo. Mas decidi, ainda assim, fazer uma sessãozita.

A ideia não era jogar muitas horas, era apenas continuar com o que vinha a fazer até aqui, tranquilo. Enquanto jogava, estava à conversa com um amigo que não joga poker mas que está interessado em começar a experimentar. Ele não tem grande noção do que implica o jogo, para além dos preconceitos associados ao mesmo. Estava a tentar explicar-lhe que não é dinheiro fácil e que eu jogar “nas mesas dos 200€” não é porque tenho mais tomates que os que jogam nas de 10€. Que isto implica muito estudo e bastante dedicação.

A sessão não estava a correr especialmente bem. Sinceramente, sentia-me cansado e não estava a jogar o meu melhor. Se bem que não ache que estivesse down por ter feito grandes asneiras. Tinha perdido uns flips e um set over set e coiso. Para ser sincero, se não tivesse ali a falar com ele, provavelmente até já tinha fechado tudo. Até que tenho esta mão: http://weaktight.com/3873003, que, olhando bem, nem joguei lá grande coisa. Mas pronto, lá fui eu ao Skype dizer-lhe que já estava up e tal.

A resposta dele foi: “então não jogues mais hoje, já ganhaste o dia!”. É óbvio que, do alto da minha sabedoria, discorri um discurso a explicar-lhe que não é assim que funciona. Que, se ainda há dinheiro para ganhar nas mesas, não vou abandonar só porque recuperei o que estava a perder e estou a ganhar um bocadinho. Que, se não tiver cansado ou a fazer asneiras, não devo parar. Tenho é que ficar por cá enquanto houver patos.

Bem dito bem feito. Fiquei. Percebo agora que foi, inconscientemente, um bocado para validar o que lhe tinha dito. Mas claro que o cansaço não foi embora. E logo a seguir ganhei outra stack e já estava up um valor que, em dinheiro do dia-a-dia, é relevante. “Não jogues mais senão podes perder o dia caralho”, disse ele. “Cala-te, crl. Isso não é assim”, disse eu.

Mas entretanto a maré virou e runnei horrivelmente mal durante umas órbitas. Nada a que não estejamos todos habituados. Mas o cansaço estava lá. E o cansaço leva a que não controlemos as emoções tão bem. Especialmente quando já estamos outra vez a perder. Na prática o que aconteceu, e vendo agora à distância, foi que a minha atitude em relação ao que estava a fazer mudou. Deixei de ter a disposição de tentar ponderar cada decisão, tentando ganhar todos os pequenos edges que me são oferecidos, para uma situação de “deixa que ele vai acabar por fazer asneira e nessa altura shippa-me a stack, basta eu andar por cá mais um bocado”.

Claro que, estando em mesas com regs competentes e totalmente focados, este comportamento sairá, inevitavelmente, caro. Na prática, deixei que a dormência tomasse conta de mim, o que se transformou em tilt daquele sorrateiro. Não spewei stacks de 150bbs preflop só porque sim, nem mandei 3 barris em bluff 15 vezes seguidas. Mas tive um acesso desse outro tilt, quiçá mais pernicioso, por de mais difícil detecção, que nos leva a acumular pequenos erros, jogando de forma automática e descomprometida.

O resultado final foi este. Vai ficar aqui espetado para me relembrar do que eu sei que não devo fazer. O meu próximo objectivo é arranjar uma estratégia que me leve a cumprir isto sempre. Tenho a perfeita noção de que ninguém é alheio ao tilt. É inevitável que aconteça, eventualmente. Mas também sei que isso pode ser trabalhado e melhorado, como qualquer outro skill.

Uma boa maneira pode ser vir para aqui escrever estes testamentos em vez de ir para as mesas. Hoje resultou. :^p

Para quem não gosta de escrever ou prefere outro tipo de soluções, aqui fica um artigo do Jared Tendler que trata deste assunto do descanso e recuperação entre sessões: You Need Rest To Be The Best.

  1. Ola’, queria saber por favor como contactar o dono do blog para uma colaboraçao. O meu mail é refsporty4@gmail.com .

    Obrigada.
    Cumprimentos,

    Valeria

  2. Não conhecia o blog, adicionado!

  3. Eu estava allin no turn. É pena, mas não tinha mais dinheiro para trás. :^)

  4. Acho que aquela mão nao foste tu que jogaste mal, mas sim os outros. Porque e que te deram o call no turn? lol donks. Mas no river podias ter ganho mais com uma bet de 250 prai. nao sei alguem chamava, mas pronto. GG

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